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terça-feira, 21 de março de 2017

✓ Resenha: Ouça a Canção do Vento & Pinball 1973 - Haruki Murakami



Sinopse: As duas novelas iniciais de Murakami publicadas pela primeira vez no Brasil
Em 1978, um jovem Haruki Murakami se instala na mesa da cozinha para começar a escrever. Como resultado temos duas novelas brilhantes que marcam o início da carreira de um dos mais cultuados autores contemporâneos.
Duas histórias poderosas, e levemente surreais, que tratam de amadurecimento, solidão e erotismo, no melhor estilo Murakami. Alguns dos personagens que conhecemos nessa obra irão reaparecer em Caçando carneiros e Dance, dance, dance, formando uma espécie de trilogia inicial do autor — e esse conjunto, em vez de mostrar um escritor procurando sua voz, já mostra um autor maduro e seguro de seus temas.
Traduzidas no Brasil pela primeira vez, Ouça a canção do vento & Pinball, 1973 são uma janela para o mundo fascinante de Murakami.

Título: Ouça a Canção do Vento & Pinball 1973 (Skoob)
Autor: Haruki Murakami
Gênero: Ficção
Editora: Alfaguara (Cia. das Letras)
Páginas: 264
Onde comprar: Saraiva / Amazon
Classificação: 9,6 (Excelente!)
Livro cedido em parceria com a editora. 




Esse foi meu primeiro contato com a escrita de Murakami, e não sei se pra bem ou pra mal, foi justamente suas duas primeiras novelas escritas, o início de tudo.

Há muito tempo eu nutria curiosidade pelo autor, pois como vocês sabem, eu tenho uma queda por literatura asiática, e uma paixão pelo Japão, sendo Murakami o autor Japonês mais conhecido no mundo, logo eu já o admirava antes mesmo de ler qualquer coisa de sua autoria.

Tenho na prateleira de casa inúmeros livros do autor que ainda não li, e agora confesso que a curiosidade aumentou ainda mais

Nessa obra, como citei, temos duas novelas: Ouça a Canção do Vento, escrita em 1972 e Pinball 1973, um ano após a primeira, como continuação da trama.

"Quem tem alguma coisa está sempre com medo de perder essa coisa, e quem não tem nada está sempre aflito, se perguntando se vai continuar eternamente sem nada. É todo mundo igual. Então quem entende isso antes dos outros deve se esforçar pra ser pelo menos um pouco mais forte."

O que é uma novela?

Na literatura, é uma narração em prosa, breve, maior do que um conto e menor do que um romance, e que se caracteriza por apresentar uma espécie de concentração temática em torno de um número restrito de personagens. Em média, a novela tem entre 50 e 100 páginas.

Na introdução da obra, podemos degustar algumas palavras do autor sobre esse seu começo de carreira na literatura, e nos conta em que momento da vida ele estava, quando analisamos sua obra notamos a grande semelhança de ambiente e até mesmo dos personagens, com sua vida. Não ao pé da letra, mas a inspiração é bem clara. Então se eu não tivesse lido essa nota talvez não teria me encantado e absorvido tão bem a história.

É difícil classificar o gênero e o assunto do qual ambas novelas se encaixam, eu já tinha ouvido falar isso sobre as obras do autor. Ouça a Canção do Vento é uma introdução trivial, como se fosse uma amontoado de crônicas urbanas. Temos um protagonista, um bar, um amigo, ex namoradas, noites de insônia, passeios pela cidade e amenidades de todos os tipos. Em certos momentos viajamos por histórias dentro da história e até mesmo fábulas. Os capítulos são bem curtos e as frases bem enxugadas, a escrita é diferente de tudo, extremamente direta, como uma redação de criança, mas ao mesmo tempo profunda, como nunca vi outro autor fazer. 

O mais interessante é justamente essa fórmula de escrita, como Murakami não queria perder-se em seus devaneios, não procurava impressionar o leitor com frases rebuscadas, ele escrevia seus textos em inglês, usando um número limitado de palavras, para somente depois traduzi-lo para o japonês, sua língua nativa, para assim obter exito no que ele buscava, incrível não?

Em Pintball 1973 a escrita do autor já está mais madura, e a fórmula com que ele escreveu o primeiro já não se faz tão presente, pelo menos eu não senti como se estivesse lendo uma tradução de poucas palavras. Em dados momentos, o narrador em primeira pessoa até parece onipresente.
Dando continuidade a primeira novela, o autor continua com as desventuras de seu protagonista, com pontos quase psicodélicos e uma estranha ficção em uma máquina de Pintball. Se eu precisasse dizer sobre o que o livro trata no geral, usaria essa passagem:

"Sempre a mesma repetição do dia anterior. Se você não fizesse uma dobra para marcar o tempo em algum lugar, um dia se confundia com o outro."

E como o próprio personagem cita, e eu aplico na obra em si:

"(...) o texto está bom, os argumentos são claros, só que você não tem assunto."

Em uma breve pesquisa pela internet, encontrei alguns pontos de discussão que achei interessante, entre elas a que o autor não usar nomes próprios em seus personagens, que são em vez disso referidos por identificadores gerais: "a menina", "as gêmeas", "o Rato." Levante-se a pergunta: por que Murakami fez essa decisão estilística? Que efeito isso tem no leitor? O que essa escolha afirma sobre a identidade? Por que o protagonista evoca experiências fictícias de um tal de Derek Hartfield? Para os fãs do autor, temos muitos pontos de discussão.

Concluindo, o livro não tem uma trama bem definida, mas tem uma relevância grande e fiquei imensamente feliz por começar a leitura dos livros do autor por essa obra. Quando ficamos sabendo, em certo momento, que essas novelas poderiam ter perdido-se por aí, em um concurso que o autor participou com elas (e foi finalista), bate aquela alegria pelos textos terem sido salvos e tenham terminado numa edição tão bela quanto essa!

"Era exatamente isso. Sozinho pela primeira vez em muito tempo, eu não sabia mais lidar comigo mesmo."








Comentários via Facebook

10 comentários:

  1. Bom dia!
    Eu já ouvi falar muito sobre ele, mas ainda não cheguei a conhecer nenhum de seus trabalhos. Posso dizer quê, vendo sua resenha e comentários sobre o escritor ele me parece ter um modo único de escrita, bem peculiar digamos assim. Me parece ser um livro que vale a pena adquirir. E mesmo que a leitura não me prenda, só os quotes dele já valeria a pena o consumo.
    Parabéns pelo livro e resenha!

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  2. Andréa,não li ainda nada do Murakami,mas pude perceber através da sua resenha a singularidade da sua escrita.Apesar de mais curtas as novelas possuem uma narrativa bastante interessante.Dos quotes apresentados gostei muito do primeiro.Com certeza essa é mais outras obras do autor entraram para minha lista de desejados.😘

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  3. Nunca tinha ouvido falar dessa obra, nem do autor.
    Confesso que não faz muito meu estilo de leitura, mas essa resenha e essa notinha de excelente me deixaram curiosa rs
    Parece ser uma leitura e tanto. Quem sabe não tenha a oportunidade de ler?
    Acredito que seja uma boa pedida pra quem curte o gênero literário.
    Beijos,
    Caroline Garcia

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  4. nunca tinha ouvido falar desse autor. mais nao e uma leitura que eu faria, nao chama a minha atenção.

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  5. Oi Andréa.
    é a primeira vez que vejo falar desse autor, e confesso que fiquei um pouco confusa com a trama, mas achei bem interessante também, a capa é linda e o autor tem um jeito diferente de escrever o que adorei.
    Bjs.

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  6. Oi Andréa,
    Eu sei que Murakami é famoso, suas obras são muito conhecidas, mas nunca me senti atraída para conhecer sua escrita. Mas ultimamente, tenho percebido que meu gosto literário tem mudado ou melhor dizendo, expandido. Tenho tido curiosidade em conhecer gêneros e escritas diferentes e, talvez, agora seria o momento para conhecer este autor. Não sei se entendi bem o que as novelas propõem, mas deu para perceber que tipo de narrativa se encontra no livro. Acho que Murakami não escreve para enquadrar/encaixar suas histórias em um gênero literário específico, pois não acho que exista um para sua escrita. Ele escreve reflexões e cabe ao leitor interpreta-las e extrair o máximo de conhecimento delas. Traga mais resenha como esta!!

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  7. Andica!
    Para aqueles leitores que gostam de se apegar as personagens para ter uma identificação maior com a leitura, talvez não seja um livro apropriado, já que nem nomes os protagonistas tem.
    Agora para aqueles como eu que gosta de diversificar e conhecer novas escritas, pensamentos e formas diferentes de enredos, certeza que apreciaremos a leitura.
    Não li nada do autor ainda.
    Desejo uma semana abençoada!
    “A simplicidade é o último degrau da sabedoria.” (Khalil Gibran)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de MARÇO, livros + KIT DE PAPELARIA e 3 ganhadores, participem!

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  8. Gostei de saber a definição de novela. Esses dias mesmo vi uma resenha de livro do King que dizia que era muito grande pra ser um conto e muito pequeno para ser um romance, então era uma novela hahah
    Já ouvi falar muito nesse autor, mas não sabia que ele era o autor japonês mais conhecido no mundo! Não sei por que, mas esse livro e sua resenha me fizeram lembrar uma experiência (péssima) que tive com Bukowski, portanto prefiro passar longe. Que bom que você curtiu!
    Beijos

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  9. Olá, gostei bastante desse livro por ser diferente, eu nunca li nenhum livro que seja asiatico...o livro parece não defenir se é romance, serie, acão...achei interessante esse ponto..deve ser algo incrivel de ler e se apreciar...
    Nunca ouvir fala desse autor porém agora me deixou curiosa para ler algum livro dele!

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  10. Oi!
    Ainda não li nada do Murakami, mas já tinha visto falar muito dos seus livros, não conheço muito a literatura asiática, mas sempre acho bem interessante conhecer literaturas de outros países e lendo a resenha fiquei bem curiosa para poder conhecer a escrita desse autor e fiquei bem curiosa para poder ler esse livro do autor, ainda mais sendo uma novela, que acho bem interessante, mas quando não leio muito !!

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