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terça-feira, 15 de novembro de 2016

✓ Resenha: Apenas Um Garoto - Bill Konigsberg





Rafe saiu do armário aos 13 anos e nunca sofreu bullying. Mas está cansado de ser rotulado como o garoto gay, o porta-voz de uma causa.
Por isso ele decide entrar numa escola só para meninos em outro estado e manter sua orientação sexual em segredo: não com o objetivo de voltar para o armário e sim para nascer de novo, como uma folha em branco.
O plano funciona no início, e ele chega até a fazer parte do grupo dos atletas e do time de futebol. Mas as coisas se complicam quando ele percebe que está se apaixonando por um de seus novos amigos héteros.



Título: Apenas Um Garoto
Autor: Bill Konigsberg
Gênero: Young Adult / LGBT
Editora: Arqueiro
Páginas: 256
Onde comprar: R$20,90
Classificação:
Livro cedido em parceria com a editora.



Olá pessoas,
Minha Deusa, minha vida tem andado um caos generalizado e ainda tem me batido uma ressaca literária que me tem feito ler vergonhosamente lento, no final das contas estou demorando eras pra terminar uma leitura e mais eras pra publicar uma resenha, mas enfim... Vou parar aqui com a justificativa e partir pra resenha, porque no final das contas é por isso que estamos aqui.

O livro que eu trago a resenha hoje é Apenas Um Garoto, do autor Bill Konigsberg e foi publicado pela editora Arqueiro. A obra é um Young Adult (jovem adulto) LGBT bem interessante e que desperta o leitor a várias reflexões. Uma vez que o enredo é bastante original, pois ele nada contra a corrente e nos conta uma história diferente das que estamos habituados para essa temática. É normal, quando vemos um livro LGBT com um personagem adolescente, presenciarmos angustias, bullying, homofobia, perseguição, mas nesse livro, não. A questão desse livro é mais pessoal, psicológica, quase que filosófica, uma vez que é como se esse protagonista tentasse voltar pra caverna (na obra chamada de armário). 

Em Apenas Um Garoto, somos apresentados a Rafe, um jovem de nome mais pomposos e pais bem pouco convencionais, que assumiu-se gay aos 13 anos e recebeu todo o apoio dos pais e da comunidade, mas em quem paralelamente a sexualidade tornou-se um estigma. Rafe não sofre bullying, não é perseguido, nem recebe demonstrações de preconceito, mas que também está longe de ser tratado normalmente. Rafe sempre se sentiu como alguém que é tolerado, ou tratado como alguém especial, frágil, que sofre de uma doença rara e isso é algo que o incomoda. E é por esse motivo que ele resolve se inscrever num internato para meninos em outro estado. Ali ninguém o conhece e nem sabe da sua orientação sexual e ele sente que poderá ser ele mesmo. Lá ele acaba fazendo amizade com rapazes de um círculo social escolar do qual ele nunca fez parte e tem a oportunidade de ter experiências que anteriormente nunca lhes foram possíveis. Ao mesmo tempo, é lógico, que ele precisa lidar  com as consequências dessa sua escolha de omitir sua sexualidade, de certa forma de omitir quem ele é.

Antes de ler o livro eu li algumas resenhas onde as pessoas faziam críticas bem severas ao Rafe. Alegavam que ele tinha tudo, que seus pais eram maravilhosos e que ele reclamava de barriga cheia e de certa forma isso é uma verdade. O personagem Rafe, tem muito mais do que a maioria das pessoas em sua situação tem, e ele sabe disso. Porém isso não o impede de sentir outros problemas, de sofrer com isso de outras formas. Eu definitivamente, não apoiei o plano do Rafe de se omitir, de fingir ser quem ele não era, mas o entendi. Rótulos são realmente uma porcaria, principalmente quando eles fazem as pessoas serem tratadas de uma maneira diferente, era isso o que o Rafe passava e só quem lida com isso, pode decidir como vai agir, tomar decisões erradas é válido, pois é um aprendizado.
Muita gente, chamou os pais de Rafe de maravilhosos, e eles o são, mas isso não significa que eles não contribuíram pra confusão do personagem, pois eles mesmo em seu excesso de zelo tratavam a sexualidade do filho como algo especial, quando ele só buscava ser tratado normalmente.

Rafe é um personagem imaturo e em certo ponto até um pouco egoísta, mas ele tem seus motivos e nós vamos presenciando o seu amadurecimento ao longo da trama. Essa tem alguns outros personagens, todos são bem escritos e nos conectam com a história, mas eu preferi não citar nenhum na minha resenha, porque eu senti que essa história é sobre o Rafe (e ponto final).

A narrativa é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista do Rafe e é intercalada com algum textos escritos por ele e solicitados pelo seu professor de redação que é o único que sabe da sua orientação sexual na nova escola e usa esses textos não só como projeto de aula, mas como terapia.
Eu gostei da escrita do Bill, é fluída e nos conecta com a história, Os personagens são bem desenvolvidos e complexos, como era de se esperar de uma trama tão atual e que aborda uma temática tão importante, pra tanta gente. Mas confesso que no final não curti muito os rumos que ele deu a narrativa, as questões levantadas pelo professor ao avaliar os textos do Rafe foram mal aproveitadas e no final senti falta de uma abordagem mais profunda ao ponto de vista do autor. Porém esses são os meus pontos de vista e eu sem dúvidas recomendo a vocês que leiam e teçam os seus próprios, pois essa obra é reflexiva de uma maneira tão única que com certeza despertara em cada leitor, emoções e questões diferentes.




Espero que vocês tenham gostado da minha resenha e será um prazer poder conferir as opiniões de vocês sobre elas nos comentários.
Beijos e um bom inicio de semana a todxs :*

Comentários via Facebook

11 comentários:

  1. Achei esse livro legal porque curto essa temática e na maioria das vezes não me decepciono de ler. Ele parece ser bom. Mas vi umas coisas um tanto chatinhas do personagem mesmo. Não sei, achei até legal porque se ele não for muito bom no começo e ir apresentando uma mudança ao longo da história é mais interessante até. Gosto quando os personagens vão crescendo. E no mais a trama apresenta muitas coisas boas para se refletir mesmo. Já gostei do jeito da narrativa dele pelo que vi de quotes por aí e acho que seria muito bom de ler.

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  2. Oiee Kris ^^
    Eu adorei esse livro! Também vi um pessoal criticando o Rafe, mas, por mais que eu não concordasse com o que ele estava fazendo, busquei entender. E eu o adorei, apesar de, como você mencionou, ele ser teimoso, egoísta e imaturo.
    MilkMilks ♥

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  3. Desde o lançamento que fiquei intrigada com o livro. É realmente bem diferente ver alguém já assumido tentar se esconder, mas como você mesma frisou, só podemos ter certeza d que se passa se estivéssemos em sua pele. Gostei do modo como você viu o personagem e trouxe ele pra gente. Ficou uma resenha muito bacana! ;)

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  4. Olá, apesar da sua resenha ter ficado ótima, a premissa não me agradou. Não tenho costume de ler livros assim então vou repassar a dica pra quem gosta.
    beijos.

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  5. Olá! Já tinha visto esse livro no site da editora. Foi a Primeira resenha que li sobre ele. Achei interessante ele pegar o caminho inverso. Realmente é um personagem sortudo por não sofrer preconceito. Me interessei pelo livro, dica anotada, beijo

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  6. Olá =) Já conhecia o livro. Em geral ele costuma receber uma boa pontuação dos leitores. Mas ele não me desperta interesse, talvez um dia posso acaba lendo e gostando. Beijos'

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  7. Oi...
    O livro tem uma capa linda e já vi que é bem conceituado, mas não é o tipo de leitura que me interessa.
    Parabens pela resenha.
    Bjoo

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  8. Olá, tudo bem?

    É uma temática pra ser sempre tratada com carinho, pois pode gerar muita polêmica. Já vi esse livro na livraria mas nunca busquei resenhas, fiquei muito afim de ler.

    Beijos

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  9. Nos últimos dias vi bastante resenha sobre esse livro. Será que o universo está querendo que eu leia? haha Mas uma vez amei suas resenhas Andréa! beijos!

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  10. Oi, Kris ^^^
    Fiquei muito feliz em saber que a Arqueiro estava apostando num escrito LGBT e logo que as primeiras resenhas que saíram a cerca da obra me fiquei dividido entre o querer ou não ler.
    Confesso ficar decepcionado em saber que o personagem reclama de barriga cheia, mas entendo completamente a questão sobre esteréotipos, esse é um dos problemas que nós, gays, sofremos quando colocamos a cara a tapa, alguns homens te olham achando que você vai querer pegar no pau deles ou transar no banheiro com eles. A sensação é horrível!
    Achei interessante essa abordagem do autor, mas me pergunto se de fato o personagem transmite empatia ou se é agradável de acompanhar, sabe. Sinto que vai dar confusão essa dele se apaixonar por um amigo, se ele não queria ser tratado como o diferentão então vai sofrer o verdadeiro bullying por ser gay num ambiente onde a homossexualidade não é aceita. :(
    A capa do livro é bem singela, gosto disso.
    Espero um dia poder ter a oportunidade de leitura.
    Parabéns pela resenha, Kris. Continue nessa temática dos LGBT que eu gosto. ^^
    Bjs

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  11. Adorei a resenha e acabei me surpreendendo pelo conteúdo que o livro parece ter. Amo quando encontro conteúdos LGBTS que conseguem não ser repetitivas.

    http://obaucultural.blogspot.com.br/

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