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terça-feira, 17 de maio de 2016

✓ Resenha: A História Esquecida da Hospedaria na Estrada - C.A. Saltoris



Sinopse: Era uma vez...
Uma fria noite de outono, em um país do Hemisfério Norte do terceiro planeta do Sistema Solar da Via Láctea, chamado Terra...
Quando Mathew Roberts parte para visitar seu irmão em coma, ele é obrigado por seu estranho e repentino cansaço a hospedar-se em um hotel na beira da estrada. Ao ser recebido por uma jovem mulher com uma vela na mão, ele sente um frio descer-lhe pela espinha, mas não tem forças para voltar; como se ela fosse o imã e ele o metal. Ao pisar na recepção, ele começa a perder a memória.
O tempo passa. Ininterruptamente, e ele quem narra esta história.
Este é um Conto de Fadas... da Morte, sobre:
criaturas não-humanas, um deus na puberdade, um amor impossível, escolhas e Sonhos Mortos.

Título: A História Esquecida da Hospedaria na Estrada
Autor: C.A. Saltoris
Gênero: Fantasia / Suspense
Editora: Chiado
Páginas: 352
Melhor preço: 13,50 Euros
Classificação: 8,7 (Ótimo)
Livro cedido em parceria com a editora. 





A História Esquecida da Hospedaria na Estrada é um Conto de Fadas, ou melhor, um Conto de Fadas da Morte. E, como em qualquer conto, temos ao longo da narrativa diversos trechos reflexivos que fazem o autor pensar com muito mais profundidade no simples fato de estar vivo e questionar-se sobre os sonhos não realizados, até mesmo sobre o amor...

O livro não é uma obra de terror, como podemos imaginar a princípio. Apesar de a história possuir fadas da morte, criaturas do Submundo e assassinato, tudo é narrado de uma forma mais suave, tal qual nos contos de fadas para o público jovem. Se a autora queria criar uma pulga atrás da orelha dos leitores, conseguiu, afinal, ao adentrar na hospedaria entre os mundos você não sairá o mesmo... Ou não sairá sem uma profunda reflexão sobre a vida.

“[...] Quando eu tive um corpo, eu vivi abundantemente e desfrutei de todas as pequenas coisas que me eram apresentadas, como se não houvesse amanhã. Eu apreciava tudo o que estava à minha volta, porque eu sabia não poder permanecer ali eternamente. Sabia que a minha vida entre os mundos era limitada. Assim é também com os seres humanos, e eles até mesmo têm ciência disso! Contudo, eles nunca mudam o seu comportamento. A verdade é que eu jamais os entenderei.” (p. 15)

Tudo começa com Mathew Roberts, um homem normal, se não fosse pelo fato de jamais ter encontrado seu amor verdadeiro - apesar de namorar há anos Marie – dirigindo-se à misteriosa hospedaria na estrada, sem se lembrar, de fato, como chegou lá ou de simplesmente ter alugado um quarto. Ele também não se lembra que seu irmão Andrew havia acabado de sofrer um acidente de carro e estava em coma, motivo, aliás, pelo qual Mathew saiu de casa. Na entrada, uma moça vestida de branco com uma vela nas mãos o recepciona, ele se sente hipnotizado por sua beleza.

Quem conta essa história esquecida é Chronos, que é simplesmente o deus do Tempo. Contudo, ele também mora na hospedaria – um local onde o tempo não passa – habitando um corpo humano adolescente, conhecido por Christopher.

A hospedaria é comandada pela Fada da Morte Linumê, criadora do portal entre os mundos, e possui Arabiella e George como fiéis funcionários. O local é visto pelos inquilinos como um belo casarão bem cuidado, mas, na verdade, não passa de uma ilusão criada pela fada para ocultar a casa caindo aos pedaços. Seus inquilinos, por sua vez, são seres humanos mortos que possuíam algum sonho não realizado, chamado de Sonhos Mortos. A fada alimenta seu portal com esses sonhos, permitindo assim a existência da hospedaria S’mentry Manor, onde tudo é belo e eterno, mas feito de ilusões.

“[...] Para alimentarem-se e manter o Mundo das Sombras vivo, o seu Grande Mestre precisava dos sonhos daqueles que desistiram de torná-los realidade: os chamados Sonhos Mortos. Eles alimentavam-se da beleza não realizada na mente dos vivos e tornavam-nos seus escravos.” (p. 117)

O casarão foi tomado pela Linumê há muitos anos, fingindo ser uma estrangeira importante. A visita inusitada, com a ajuda do Inseruán Jack - uma criatura maligna do Submundo - e outras fadas do mau, mataram todos os moradores da mansão, transformando-a na hospedaria e servindo ao mestre Kalet, através dos sonhos dos humanos.

O que ninguém iria esperar de uma fada da morte é que ela se apaixonaria por seu mais novo inquilino... Seria esse amor entre dois mundos possível? Aliás, a imponente Fada da Morte da raça Theolá poderia se apaixonar e, ainda por cima, por um humano? Um humano que só estava na hospedaria por possuir como sonho morto, encontrar o grande amor da sua vida?

“[...] Então, eu lhes pergunto: como pode uma criatura que nunca conheceu o amor senti-lo, senão à primeira vez que ela o vê? Para tudo há um começo, eu lhes digo. E como amar, então, senão imediatamente? Será que o pensar em demasia tirou dos humanos o talento para experimentar? Por que pode um amor que dura anos para crescer ser real, e um que nasce no instante do primeiro olhar trocado, não?” (p. 113)

A capa é bonita, mas poderia remeter mais à ideia principal da história, ou seja, menos sombria e com mais traços que lembrem um Conto de Fadas (mesmo sendo um Conto de Fadas da Morte!).

A proposta da autora é boa, contudo, se você espera uma obra de terror já aviso que não encontrará, apesar do cenário e das personagens remeteram a isso. A História Esquecida da Hospedaria na Estrada é uma história de mistério e suspense, mas também de amor. E com grandes reflexões sobre a vida humana.

A narrativa é juvenil e confesso que, em alguns trechos, achei cansativa. A meu ver, algumas frases e palavras poderiam ser enxugadas para tornar a leitura mais fluente e dinâmica, diminuindo também o excesso de detalhes minuciosos.

Os cenários foram bem desenvolvidos, com detalhes ricos sobre o casarão e a floresta que o rodeia. Os personagens são bem caracterizados, apesar de alguns serem tratados de forma pouco profunda (não conhecemos a história de Arabiella, por exemplo). Os diálogos, assim como a narrativa, poderiam ser melhor trabalhados, evitando uma leitura cansativa em alguns trechos.

No início do livro a autora diz que a obra surgiu pela sua obsessão pela música Hotel Califórnia. Eu não conhecia a letra, mas após lê-la consegui associar totalmente o livro à música, aliás, parece que a música foi feita para o livro rs. A letra inicia-se na hospedaria, mencionando a moça na entrada segurando uma vela, também há as vozes que desejam boas vindas, o nome Tiffany (outro nome usado pela fada Linumê na história) e as pessoas que dançam no pátio e, é claro, o final não poderia ser mais adequado: “Você pode desocupar o quarto a qualquer hora que desejar, mas você nunca pode ir embora!”. letra aqui

A diagramação está ótima, adorei a divisão dos capítulos e as fontes diferenciadas ao longo do livro, porém, a revisão deixou muito a desejar. Encontrei muitos errinhos nada agradáveis em palavras, espaçamento e pontuação.

É uma obra recheada de reflexões, frases inspiradoras e amor, apesar de toda a escuridão que a cerca. Claro que também possui suspense e mistério, possuindo todos os ingredientes para um ótimo Conto de Fadas moderno!

“[...] Eu acredito que os seres humanos não são capazes, seja biológica, seja intelectualmente, de valorizar aquilo que, realmente, tem valor, antes que eles o percam. Por isso, e somente por isso, eu acho que as guerras, tanto as do mundo, quanto as do espírito, têm suas razões de ser, que o sofrimento é necessário para o crescimento, e que só eu posso levá-los até lá.” (p. 191)


Eagles - Hotel California
Jimi Hendrix – Hey Joe
Whitney Houston – I Will Always Love You
Johannes Brahms – Dança Húngara nº 05
Frank Sinatra - Strangers in the night
Procol Harum - A Whiter Shade of Pale




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8 comentários:

  1. Gostei bastante da resenha a forma como expos a história. Pena que não me atrai em nada o gênero na verdade sempre tenho é medo. Rsrs

    Parabéns.
    Beijão.

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  2. Gostei bastante da premissa do livro.
    Realmente, olhando a capa eu tomaria por um livro de terror.
    Mas acho que nao leria pelo fato de ter falado sobre a linguagem mais juvenil... eu nao curto muito, nao leria no momento, mas achei interessante a dica.

    (estou com problema com a acentuaçao do teclado, ja configurei mais nao funciona... releve.. rsrs)

    Raissa Nantes

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  3. Oi, gostei bastante da premissa do livro e com certeza leria. Ao ler sua resenha, vi que não era um livro de terror, o que me interessou mais, já que não curto livros de terror, e vi que esse livro é mais voltado ao suspense e romance, pois elementos que adoro em livros e com certeza leria, já que sua resenha me instigou para lê-lo. Amei e não conhecia, vou adorar ler, já que também sou parceira da editora.
    bjus

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  4. Oie!
    Nossa, que trama bem diferente. Não sabia dessa pblicação, e fiquei interessada nessa trama com uma fada da morte, com muito romance, e ainda leva a reflexão em alguns momentos. Um livro que não conhecia e me deixou bem curiosa para com a trama.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  5. Oi!
    Caraca, não sou muito fã de suspenses e tal, mas esse só pela sinopse me agradou. Vou anotar aqui pois me deixou muito curioso =D
    Abraço!

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  6. Ooi! Achei que seria terror, mas ainda bem que não é, porque este gênero não me atrai. Mas, achei que a capa passou uma informação um pouco errada sobre o livro, então.
    Bom, gostei da resenha e como você avalia tudo, muito bom mesmo, parabéns! Espero um dia conhecer a escrita, quem sabe? ^-^
    Beijos

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  7. Jurava que era um livro de terror por causa dessa capa! Se não fosse por todos esses erros que você encontrou, ia querer ler. Adoro a música Hotel California e adoro contos de fadas, mas até que façam uma edição com uma revisão melhor - e de preferência com uma capa nova - passo a dica.

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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  8. Oie
    ah uma pena que não seja de terror pois adoro o gênero mas nossa, o enredo está muito legal e gostei da capa, bela resenha e dica, muito bom

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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