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terça-feira, 19 de abril de 2016

✓ Resenha: A Dama de Papel - Catarina Muniz



Localizado na zona periférica de Londres em meados do século XIX, o bordel de Molly está sempre repleto de fregueses: ricos e pobres, magnatas e operários. O que nenhum deles sabe – nem mesmo as outras trabalhadoras do estabelecimento – é que a dona do prostíbulo optara por ser “mulher da vida fácil” após fugir de um casamento forçado, abrigando-se nas entranhas de um cortiço na busca indelével por liberdade.
Certa vez, no entanto, Molly é inebriada pelas propostas de um cliente: Charles O’Connor, o herdeiro de um império têxtil, deseja que ela seja somente sua. Molly, arrebatada pelas sensações provocadas pelo novo amante, se vê obrigada a questionar o modo de vida que conduzira com orgulho até então, além de testar os limites da liberdade obtida a duras penas.
Entregues à avassaladora paixão e à incrível química sexual que os unem, Molly e Charles precisarão enfrentar as represálias sociais e a moral conservadora da época para dar continuidade a este amor proibido. Mas terão de pagar um preço alto por suas decisões.

Título: A Dama de Papel
Gênero: Drama
Páginas: 256
Melhor preço: R$22,70
Classificação: 9,7 (Excelente!)
Livro cedido em parceria com a editora.




Um livro erótico no mais estrito sentido da palavra.
E quando falo estrito, me refiro ao fato de a obra ser sensual, porque a temática abordada para a narrativa o é, e simplesmente isso. É óbvio que um livro que aborde como o tema central a prostituição seria sensual e A Dama de Papel o é, porém o erotismo da escrita da Catarina é usado de uma maneira muito comedida, casta até, se assim eu puder determinar, em comparação à outros livros do gênero. Não pretendo muito me prolongar nessa resenha fazendo um resumo da obra, pois acredito que a sinopse do livro já revela o necessário, sendo assim vou me ater a expressar as minhas opiniões em relação a trama.

Se teve uma coisa que me agradou bastante em relação a essa leitura, foi que a autora quebrou diversos paradigmas ao longo da sua narrativa a começar pela sua protagonista, que desde o início é descrita como uma mulher imperfeita à sua época, sem excesso de beleza ou de qualidades, de bom nascimento, mas que nunca entendeu ou aceitou a subserviência que era cobrada às mulheres e assim sendo fugiu de um casamento indesejado e entregou-se à própria sorte, indo acabar como prostituta em um dos bordéis de Londres. E eis aqui outra parte que me fez muito gostar dessa história, a autora nesse momento não optou por romantizar a vida dessa mocinha e coloca-la num lugar de luxo.
A Catarina decidiu não higienizar a prostituição, e então Molly foi parar num bordel pobre e sujo, onde ela tinha de atender a todo e qualquer tipo de homem. E ali ela criou o seu nome na profissão, não por ser bela ao extremo, pois o livro deixa claro que ela não era, mas por se destacar no que fazia. Conseguindo, dessa forma, que até clientes de uma classe social superior passassem a busca-la e foi assim que ela acabou sendo procurada por Charles O' Connor herdeiro e braço direito de um renomado industrial têxtil. O relacionamento entre eles intensifica-se, deixa de ser estritamente comercial e passa para o âmbito sentimental, mas é lógico que devido à moral da época esse é um romance proibido.
Paralelamente a história de Molly e Charles, acabamos por conhecer também Katherine, a esposa de Charles, que nos mostra o outro lado da moeda sobre o que era ser mulher naquela época. Katherine foi criada da mesma maneira que Molly, só que ao contrário da outra que decidiu fugir ela preferiu submeter-se, casou-se, teve um filho, mas todas as noites precisava suprimir os seus instintos, pois não era correto a uma mulher decente ter necessidades sexuais, ou procurar o marido em busca de sexo e isso a fazia mais e mais infeliz. E esse é outro drama que nós vamos acompanhando ao longo da leitura.

A narrativa é bem questionadora, a autora acaba nos fazendo refletir sobre os dois meandros da situação. Molly fugiu em busca de liberdade, mas na única liberdade que ela encontrou, foi marginalizada, humilhada e não se pertencia plenamente, mas mesmo assim, ela conseguia sentir-se feliz. Katherine aceitou o que a sociedade lhe impôs, mas não era uma mulher plena, era respeitada por todos, aceita em todos os lugares, tinha uma casa bonita, uma família prospera e respeitável, mas não conseguia alcançar aquilo o que realmente desejava.
Uma das duas estava errada ou errada era a sociedade que ditava que para a mulher alcançar uma coisa ela precisava abandonar a outra?
O quanto tudo isso mudou até agora?
Esses são só alguns dos questionamentos que essa obra vai colocar na sua cabeça.

A leitura do livro é fluida e a escrita da autora é suave, como já falei anteriormente o livro é erótico, mas não criem expectativas de encontrar cenas detalhadas de sexo durante a leitura, a parte mais erótica do livro são os escritos de Charles e esses estão mais pra sensuais do que pra pornográficos. Algo que eu acho maravilhoso.
Eu gostei muito da construção dos personagens, me questionei bastante durante a leitura, sobre as motivações de Molly, mas acredito que outras pessoas a entenderam-na melhor que eu. A ambientação do livro está excelente, assim como o trabalho de pesquisa da autora para compor a atmosfera da época em que a trama se passa. Quem me conhece e já leu outras resenhas minhas de livros nacionais, aqui ou lá no meu blog, sabe o quanto eu sou rígida em relação ao fato de autores nacionais preferirem ambientar suas obras no exterior, mas essa obra em especial eu compreendi que por diversos fatores presentes na narrativa, realmente não poderia ter se passado no Brasil.
Eu gostei bastante da leitura, mesmo que o final tenha me deixado com uma leve sensação insatisfatória. Acho que sim essa é uma obra rica, cheia de questões a se refletir e apesar de ser um livro histórico, aborda uma temática bem atual, que é o papel da mulher perante a sociedade.
A edição do livro está fabulosa. A capa está linda, mas infelizmente não representa a personagem e nem se encaixa bem ao enredo, a diagramação está muito bem organizada e não notei erros na revisão, quanto a ela só farei duas ressalvas, achei a fonte usada um pouco pequena e o papel frágil demais, danifiquei cerca duas folhas durante a leitura com o simples manuseio. Salvo isso achei o livro excepcional.

Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima.
Beijos


Comentários via Facebook

16 comentários:

  1. Hummmm gostei, pegada sensual sem ser vulgar, estou certa??? Ótima resenha... Parabéns!!!!

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  2. Oi Kris, a obra já me chamou a atenção por ser um romance de época e eu adoro esse gênero, com certeza é um dos meus favoritos. Gostei bastante da sua resenha sim, especialmente porque você conseguiu repassar bem os pontos que se destacam no enredo, e eu me interessei bastante pelo que eu li. Claro que fiquei me perguntando sobre alguns acontecimentos que você citou e o rumo deles, mas acho que só lendo mesmo para saber né... bem, obrigada pela indicação.
    Beijos, Fer ♥

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  3. Oi Kris, eu gosto de livros eróticos mas nem sempre as histórias me agradam, aquelas onde existe exagero nas cenas hot ou com pouco conteúdo eu não costumo gostar. Esse livro eu ainda não conhecia e achei a capa dele bem sensual e instigante, mas ao ler a resenha a história não me conquistou e não senti interesse de ler. Gostei muito da sua resenha, está completa e mostrando todos ons pontos importantes do livro, mas infelizmente, não me atrai por ele.

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  4. Oi Kris, adorei o enredo e curti bem os personagens. Fiquei curiosa com este final que não foi 100% pra você e espero poder conferir a leitura pra saber se vou ficar insatisfeita também. Concordo contigo, a capa está show!!!
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  5. me parece ser uma história bem estruturada mesmo, apesar de não fazer meu gênero de leitura... foi inevitável não lembrar de Hilda Furacão com a personagem Molly...
    certamente a sociedade é que é a errada da situação, tenho nem dúvidas quanto a isso... enfim...

    já a capa não me agradou. eu detesto capas desse estilo...
    bjs.

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  6. Oi Kris fiquei encantada com sua resenha. Esse é mais um livro do qual não esperava muita coisa e fui surpreendida.
    Por sua resenha da para perceber que a Catarina é uma autora diferenciada. Fiquei muito curiosa para conhecer o trabalho da autora.

    Adorei essa avaliações com notas do final.

    Bjs,
    Garotas de Papel

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  7. Olá Kris,
    Acho isso legal em livros eróticos, o fato de não ser tão pornográfico, apenas sensual. Sua resenha está incrivelmente bem escrita e faz o leitor ter uma ideia muito boa sobre o que podemos esperar do livro.
    Infelizmente, não é o tipo de leitura que me agrade, mas vale a dica para quem gosta, inclusive vou falar do livro para uma amiga.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  8. Oie!
    Nossa, o livro está aobem recomendado! Eu ainda não tive a oportunidade de ler o livro, e achei interessante a trama descrita, assim como toda a sensualidade da narrativa, mas sem cair para o pornográfico. Gostei bastante dessa indicação.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  9. Acho que por mais que anos tenham se passado e ainda que muito se tenha evoluído, continuamos "sofrendo" como a Molly e a Katherine. Quando uma mulher ela é mais a frente é estigmatizada como puta, vagabunda... Enfim, mesmo sendo uma história de época percebo que a autora criou momentos que podem muito bem ser refletidos com o papel das mulheres nos dias de hoje. Acho que isso é o grande ponto do livro.

    Beijos
    Vento Literário / No Facebook / No Twitter

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  10. Eu já li algumas resenhas deste livro e você me mostrou um outro lado porque não tinha gostado tanto. Mostrou que é um pouco diferente mesmo sabendo que ela gostou de ser o que era ela tinha diversos momentos diferentes e o que a levou a isso. Realmente é uma quebra de regras para a época.

    Beijos,

    Greice Negrini

    Blogando Livros
    www.amigasemulheres.com

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  11. Oiee ^^
    Eu adoro histórias históricas, e, mesmo não gostando muito de eróticos, esta é uma obra que eu tenho curiosidade de conhecer, por ser diferente de todos os livros que eu já li de ambos os gêneros. Vi que muita gente gostou dele, mas não imaginei que era assim tão bom. Fiquei mais animada agora. E a capa é muito bonita.
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  12. Já tinha visto esse livro por aí e não tinha me interessado por tratar de gêneros que não gosto muito de ler, essa é resenha mais completa que vi do livro, pois não sabia que se tratava da realidade de duas mulheres na época em questão, achava que era só de uma e pelo visto a obra levantou bandeiras bem interessantes de serem debatidas e pensadas sobre.

    http://deiumjeito.blogspot.com.br/

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  13. Olha, o gênero erótico, geralmente, não me chama a atenção, salvo em alguns caso raros de exceção. Esse é um deles. A sua resenha me deixou muito curiosa em relação à obra, que possui uma ótima premissa. Esse livro eu leria, certamente, pois parece-me que não se trata de um livro em que o erótico está ali apenas por apelo, sem levar em conta a qualidade literária. Gostei da resenha e gostei da dica!

    Tatiana

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  14. Oi
    Não sou muito fã de livros de época, mas esse erótico quero ler sim!
    Quero ver como será essa ambientação numa época em que a mulher era tão reprimida.
    Com uma resenha repleta de elogios e muito sincera, tenho certeza de que vou gostar.
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  15. Oi! Uma amiga leu esse livro e foi me contando a história, assim como o final, pois é algo que não pretendo ler no momento.
    Mas achei a construção da personagem incrível, e como você falou a tacada de mestre da autora foi o fato de ela não romantizar a prostituição, não querer dar um aspecto lindo e fofinho, pois não é. A outra personagem que não tem uma vida plena também nos faz refletir muito, pois ela aceitou seu destino e mesmo levando uma vida boa não consegue ser feliz.
    Com certeza é uma ótima obra, e ainda mais brilhante saber que é uma autora nacional, que fugiu de todos os estilos de escrita erótica que estão sendo vastamente publicados no país.

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  16. Oi! Uma amiga leu esse livro e foi me contando a história, assim como o final, pois é algo que não pretendo ler no momento.
    Mas achei a construção da personagem incrível, e como você falou a tacada de mestre da autora foi o fato de ela não romantizar a prostituição, não querer dar um aspecto lindo e fofinho, pois não é. A outra personagem que não tem uma vida plena também nos faz refletir muito, pois ela aceitou seu destino e mesmo levando uma vida boa não consegue ser feliz.
    Com certeza é uma ótima obra, e ainda mais brilhante saber que é uma autora nacional, que fugiu de todos os estilos de escrita erótica que estão sendo vastamente publicados no país.

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