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sexta-feira, 24 de julho de 2015

✓ Resenha: Joyland - Stephen King



Sinopse: Joyland - Um pequeno conselho: não se aventure na roda-gigante em uma noite chuvosa.
Carolina do Norte, 1973. O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer.
Linda Grey foi morta no parque há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma. Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso. O assassino ainda está à solta, mas o espírito de Linda precisa ser libertado — e para isso Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença séria.
O destino de uma criança e a realidade sombria da vida vêm à tona neste eletrizante mistério sobre amar e perder, sobre crescer e envelhecer — e sobre aqueles que sequer tiveram a chance de passar por essas experiências porque a morte lhes chegou cedo demais.

Título: Joyland
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Pág. 240
Melhor preço: R$17,68
Classificação:  10 (Excelente!)



“As pessoas pensam que o primeiro amor é fofo e que fica ainda mais fofo depois que passa. Você já deve ter ouvido mil músicas pop e country que comprovam isso; sempre tem algum tolo de coração partido. No entanto, essa primeira mágoa é sempre a mais dolorosa, a que demora mais para cicatrizar e a que deixa a cicatriz mais visível. O que há de fofo nisso?” (p. 7)

Devin Jones é um universitário de 21 anos que também trabalha em sua universidade. No ano de 1973, contudo, decide arrumar um trabalho em tempo integral durante as férias de verão, coincidindo com a época em que sofre com a perda do seu primeiro amor de forma extraordinariamente triste. 
O rapaz namora Wendy Keegan e eles não só estudavam como também trabalhavam juntos. Porém as coisas mudam quando Wendy arranja outro emprego e se muda, indo morar com uma amiga. Não demora muito para ela também partir, sem motivos, o coração de Dev.

“Quando se tem vinte e um anos, a vida é um mapa rodoviário. Só quando se chega aos vinte e cinco, mais ou menos, é que se começa a desconfiar que estávamos olhando para o mapa de cabeça para baixo, e apenas aos quarenta temos certeza absoluta disso. Quando se chega aos sessenta, vai por mim, já se está completamente perdido.” (p. 20)

Ele começa a trabalhar em um parque de diversão chamado Joyland, na cidade de Heaven’s Bay, Carolina do Norte, durante as férias que não passaria com Wendy. Aluga um quarto na pensão da Sra. Shoplaw, a 5 km do parque, fazendo o percurso a pé pela praia até o trabalho. No caminho sempre passa em frente a uma grande casa de veraneio, onde mora um garoto de cadeira de rodas, com cerca de cinco anos, um cachorro e uma mulher bela de expressão séria.

O parque possui estilo indie e tem como lema vender diversão. As principais atrações são a roda gigante, chamada de Carolina Spin, a montanha-russa Thunderball, o trem fantasma Horror House, além da vila das crianças Wiggle-Waggle.

Entre os funcionários do parque destaca-se Madame Fortuna, a médium que faz previsões sobre o futuro, não só dos visitantes do parque como também do próprio Dev e Lane Hardy, encarregado de controlar a Carolina Spin. Devin passa a integrar a equipe de funcionários no trabalho de Ajudante Feliz, fazendo amizade com outros dois novos funcionários: Erin e Tom. Seu trabalho inclui praticamente fazer tudo, inclusive vestir a fantasia absurdamente quente do cão Howie, o Cão Feliz mascote do parque, e entreter as crianças.

Logo no primeiro dia, contudo, Dev não esperava ouvir rumores sobre uma garota morta que assombrava o parque, ou melhor, o trem fantasma Horror House. Pior ainda. Dev nunca imaginou que gostaria de ver o fantasma.

“— É mesmo uma história de fantasma?
— Eu nunca entrei naquela porcaria de trem fantasma, então não tenho certeza. Mas é uma história de assassinato. Disso eu tenho certeza.” (p. 27)

Há quatro anos, uma garota chamada Linda Gray, da Carolina do Sul, foi degolada por seu suposto namorado enquanto andavam na Horror House, de forma totalmente fria e planejada, deduzido através das luvas descartadas e da camisa extra ensanguentada encontrada próxima ao corpo da garota, nos trilhos do trem.
Apesar de possuírem fotos do assassino, tiradas pelas belas fotógrafas do parque, conhecidas como Garotas de Hollywood, ele nunca foi identificado, pois usava óculos escuros, cavanhaque e boné com aba que escondiam seu rosto. Apenas um detalhe chamava a atenção: possuía uma tatuagem de pássaro em uma das mãos.

Muitos funcionários de Joyland alegaram ver a garota de pé ao lado do trilho, com a mesma roupa que usava no dia em que foi morta: blusa sem mangas e saia azul.

“[...] Mas várias pessoas também mencionaram que a garota que viram de pé ao lado do trilho estava usando uma faixa de cabelo azul, e isso não estava nos artigos do jornal. Seguraram essa informação por quase um ano na esperança de usar com um suspeito, se encontrassem algum.” (p. 32)

Tornando a situação ainda mais estranha, Madame Fortuna faz estranhas previsões sobre o futuro de Dev. O que, afinal, uma garotinha de chapéu vermelho segurando uma boneca e um garoto com um cachorro poderia significar? E por que acreditara em uma provável charlatona?

Quando os três amigos – Dev, Tom e Erin – decidem aproveitar o dia de folga para conhecerem o famoso trem fantasma, embarcam em uma situação ainda mais esquisita.
Qual seria a relação entre a história de Linda Gray, a assombração do Horror House, os misteriosos moradores da casa de veraneio – Mike, o garoto com distrofia muscular de Duchenne que vê e ouve coisas e Ann, a mãe de cara fechada, mas indiscutivelmente bela – e Devin

“— Não é branco.
— O que não é branco?
Mike Ross pareceu intrigado.
— Não faço ideia.  Quando acordei hoje de manhã, eu lembrei que você vinha tomar vitamina aqui e isso surgiu na minha cabeça. Eu pensei que você saberia.” (p. 134)

A estadia do jovem em Joyland vai muito além do trabalho. Ele irá lidar com a superação do fim do primeiro namoro, um novo e inusitado amor, a perda da virgindade, amizades para toda a vida, um garotinho em estado terminal, mediunidade, diversão, desejo de ver um fantasma, assombração, um misterioso caso de assassinato e um desfecho inusitado e totalmente surpreendente.

“Ela ainda estava segurando o livro aberto, o que provavelmente queria dizer que desejava que eu fosse embora, e isso me deixou com mais raiva. Lembre-se de que aquele foi o ano em que todo mundo queria que eu fosse embora, até o cara cuja vida eu salvara”. (p. 151)

O que mais gostei neste livro de Stephen King foi que achei totalmente inusitado. Não aconteceu nada do que eu imaginei que aconteceria e ele apresenta uma abordagem diferente dos seus demais livros, a meu ver. Em Joyland temos um personagem de apenas 21 anos que amadurece muito e descobre um mundo novo, tanto em relação ao trabalho como em relação a amor e amizade. Temos um caso misterioso e não desvendado de assassinato, intercalado com aparições sobrenaturais e personagens médiuns. São várias histórias de vários personagens que se interligam até chegar ao desfecho, indo muito além de uma história de fantasma.

Como já é costume das obras de Stephen King, a narrativa é super envolvente e nada cansativa, rodeada de mistério, mas também divertida. A narrativa ocorre em primeira pessoa, com Devin contando a história anos depois do ocorrido. Todos os cenários são descritos minuciosamente e cada personagem apresenta um papel importante na história, além de características bem marcadas e diálogos elaborados e verossímeis.

A trama é bem diferente, mesmo para as histórias de King e mescla vários pontos importantes em um cenário impecável (quem não adora histórias de terror em parque de diversão?!). A capa é incrível e chamativa, assim como a revisão impecável e a diagramação, que eu particularmente amei, cheia de coraçõezinhos!





A temática de parque é com certeza um ponto forte, unido às especulações de um brinquedo fantasma assombrado. Devin apresenta um amadurecimento enorme ao longo da trama, fazendo com que o término do seu primeiro namoro pareça uma gota de água no oceano. Ele descobre em Mike e em Ann uma força absurda, tanto de determinação quanto de vida, além dos fortes laços de amizade e amor – que dessa vez aparece de uma forma bem diferente. Ele irá lidar com amor e morte de forma muito intensa em um breve espaço de tempo.

“Ela estava linda, com aquela calça jeans desbotada, descalça. Eu quis tomá-la nos braços, pegá-la no colo e carregá-la para um futuro sem problemas.
Mas o que fiz foi deixá-la onde estava. O mundo em que a gente vive não é assim, tinha dito Annie, e como tinha razão...
Como tinha razão...” (p. 209)

Quotes preferidos:

 “Deixe os dois irem, pensei, mas estava cansado de deixar as mulheres irem embora. Estava cansado de deixar as coisas acontecerem comigo e depois me sentir mal por elas”. (p. 153)
“[...] Alguns dias são preciosos. Aquele foi um dos meus, e, quando estou triste, quando a vida me dá uma rasteira e tudo parece ruim e sem graça, como a Joyland Avenue em um dia chuvoso, eu volto a ele, ao menos para lembrar a mim mesmo que a vida nem sempre arranca nosso couro. Às vezes, ela oferece verdadeiros prêmios. Às vezes, são preciosos.” (p. 185) 




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9 comentários:

  1. Oi Amanda!!!!

    Haaa!!! Mais um livro do King que eu necessito!!!!
    Adorei sua resenha, bem detalhada e cheia de significados! Claro que quero ler! rsrsrsrrs

    Bjo bjo^^

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  2. Opaaaa gostei deste livro ein... vou ler... Parabéns pela resenha... TOP!
    Beijinhos

    http://robertafarig.blogspot.com.br/

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  3. Parece incrível. e os pensamentos do Devin me chamaram a atenção hahaha

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  4. Caramba Amanda, se eu já estava super curiosa pra fazer essa leitura depois da sua resenha nem se fala. Assim que eu tiver oportunidade eu compro o livro.
    Beijos

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  5. Caraca!!!

    Não li esse livro do Stephen ainda, apesar de ter lido outros...Mas ele com certeza está na lista. Adoro o autor e fico meio triste de não ter lido e não possuir TODOS os livros dele...Tipo o que acontece com Anne Rice e Marion Zimmer Bradley hahahaha

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  6. Fiquei super curiosa para ler e saber o que vou achar. Tinha lido outra resenha de uma pessoa que não gostou, então estou muito confusa se vou achar ruim ou não. Gosto bastante do autor, então com certeza vou ler. Bjus.

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  7. As tramas do autor são sempre muito criativas e envolventes, não é a toa que muitas viraram filme. Achei que o livro era mais terror, bem ao estilo do autor, mesmo assim fiquei bem curiosa para ler. Parque de diversões assombrado já é um terror a parte. Também achei a capa incrível.

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  8. Acabei de ler o livro é algo me intrigou porque acabou passando despercebido: o que não é branco?

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    1. Bom. . . para quem não quiser spoiler pare de ler aqui.

      O cabelo de Lane não era branco e sim loiro. Quando ele viu o cabelo dele pela primeira vez achou que fosse branco, mas na verdade não era.

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