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sábado, 13 de setembro de 2014

✓ Resenha: Nosferatu - Joe Hill





Sinopse: Victoria McQueen tem um misterioso dom: por meio de uma ponte no bosque perto de sua casa, ela consegue chegar de bicicleta a qualquer lugar no mundo e encontrar coisas perdidas. Vic mantém segredo sobre essa sua estranha capacidade, pois sabe que ninguém acreditaria. Ela própria não entende muito bem.
Charles Talent Manx também tem um dom especial. Seu Rolls-Royce lhe permite levar crianças para passear por vias ocultas que conduzem a um tenebroso parque de diversões: a Terra do Natal. A viagem pela autoestrada da perversa imaginação de Charlie transforma seus preciosos passageiros, deixando-os tão aterrorizantes quanto seu aparente benfeitor.
E chega então o dia em que Vic sai atrás de encrenca... e acaba encontrando Charlie. Mas isso faz muito tempo e Vic, a única criança que já conseguiu escapar, agora é uma adulta que tenta desesperadamente esquecer o que passou. Porém, Charlie Manx só vai descansar quando tiver conseguido se vingar. E ele está atrás de algo muito especial para Vic. 

Título: Nosferatu
Autor: Joe Hill
Editora: Arqueiro
Pág. 624
Melhor preço: R$33,16
Classificação: 9,7 (Excelente!)




No 1º capítulo conhecemos - superficialmente - a enfermeira Thornton. A narrativa ocorre no Presídio Federal de Englewood, no Colorado, em dezembro de 2008. A enfermeira cuida de Charlie Manx, um paciente em coma, com um tenebroso histórico - foi responsável pelo assassinato de várias crianças.

Apesar do paciente estar há anos em coma, um certo dia a enfermeira se depara  com a seguinte situação: Charlie abre os olhos e ameaça seu filho dizendo que há um lugar para ele na Terra do Natal. Charlie levava as crianças para essa suposta "Terra do Natal", onde as assassinava. Para cada criança, havia um enfeite de natal pendurado em seu jardim.

"Ele era muito velho, sem falar que era horroroso. Seu imenso crânio calvo era um globo que parecia uma lua alienígena, cheia de continentes marcados por manchas senis e sarcomas da mesma cor de hematomas. Dente todos os pacientes da unidade de cuidados prolongados - também conhecidos como Recanto dos Vegetais - o mais nefasto era Charlie Manx, que fora abrir os olhos justamente naquela época do ano. Manx gostava de criancinhas e sumira com dezenas delas na década de 1990. Tinha uma casa no sopé das montanhas Flatirons, onde fazia o que queria com as vítimas, depois as matava e pendurava enfeites de Natal em homenagem a elas. A imprensa tinha batizado o local de Casa Sino. Blém, blém, blém."(p. 13)

No 2º capítulo, somos levados a época de 1986 e conhecemos Vic, apelidada de Pirralha, então com 8 anos. Perto de sua casa, havia a Ponte do Atalho, uma ponte abandonada e considerada insegura pela polícia, pois corria sérios riscos de desabamento. Um dia, após ouvir seus pais brigando, pois sua mãe havia perdido uma pulseira, Vic sai para espairecer e andar em sua bicicleta Raleigh pelo bosque e se desafia a atravessar a ponte pedalando. Mas, para seu espanto, a ponte não a leva simplesmente para o outro lado do bosque, e sim a transporta para o Terry's Sanduíches, a lanchonete em que havia estado com os pais há pouco tempo. E, surpreendentemente, Vic encontra a pulseira perdida lá. A Pirralha permanece incrédula e quase não acredita na própria história, em que a ponte a  havia levado até o objeto perdido. Volta rapidamente para a casa e, com muita febre, desmaia. Ao acordar, descobre que a ponte havia desabado após sua misteriosa viagem. Vic volta a atravessar a ponte outras vezes ao longo de sua infância, que sempre aparecia para ela no bosque quando estava montada em sua Raleigh. Em suas viagens, sempre encontrava objetos perdidos, mas as mesmas lhe proporcionavam fortes dores no olho esquerdo, febre e náuseas. Ela própria fingia que as viagens não tinham acontecido depois, pois simplesmente não podia processar tal acontecimento.

O 3º capítulo se passa na Pensilvânia, em Sugarcreek. Conhecemos Bing Partridge, atualmente trabalhando como zelador, dono de um passado obscuro: havia matado os pais na juventude. Certo dia ele vê um anúncio em uma revista antiga, falando sobre tal Terra do Natal, onde era natal todo dia e a infelicidade não existia. Buscava pessoas que amassem crianças para trabalhar no local. Bing envia uma carta se candidatando ao cargo de segurança e aguarda, dia após dia, ansiosamente por uma resposta.


Charles Talent Manx III finalmente vai ao seu encontro, apresentando-se como diretor da Terra do Natal. Bing entra em seu carro, um Rolls-Royce, e, após algumas conversas, aceita uma coca-cola (com estranho gosto de aspirina) de Charles e acaba caindo no sono momentos depois. Sabemos então que só se vai para a misteriosa Terra do Natal quando se está sonhando. Embora estar lá seja muito real e não se pareça em nada com um sonho. Uma vez por ano Charles leva uma criança "sortuda" para lá. Mas para um adulto é preciso provar que ama as crianças e será extremamente dedicado em protegê-las e salvá-las dos pais antes de poder entrar na Terra do Natal. Para Charles, os pais das crianças são monstros que as maltratam e ele precisa urgentemente salvá-las dos pais negligentes. Bing acredita fielmente no que Charles lhe conta. 

"- Eu já disse que o caminho para a Terra do Natal é pavimentado por sonhos. Este carro velho tem o poder de sair do mundo cotidiano e adentrar as estradas secretas do pensamento. O sono é só a via de acesso. Quando um passageiro pega no sono, meu Espectro sai de qualquer estrada que esteja percorrendo e entra na Via Panorâmica São Nicolau. Nós estamos compartilhando este sonho. O sonho é seu, Bing, mas a viagem continua sendo minha." (p. 69)



Voltando para a narrativa de Vic, que, já cansada com tantas dúvidas a respeito de suas viagens, um dia atravessa a Ponte do Atalho buscando respostas e é levada para Aqui, em Iowa. Lá, Maggie está a sua espera: é uma bibliotecária que sabe muito sobre Vic. Conta-lhe então sobre seu Jogo de Palavras, um jogo "mágico" que lhe conta coisas.

"Vic sentiu o cheiro do imenso recinto cheio de livros antes mesmo de vê-lo, pois seus olhos precisaram de um tempo para se acostumar à escuridão cavernosa. Inspirou profundamente o aroma de romances decompostos, histórias em frangalhos e versos esquecidos e, pela primeira vez, notou que a biblioteca tinha o mesmo cheiro de uma sobremesa: um lanche doce feito com figos, baunilha, cola e inteligência." (p. 94)

O Jogo de Palavras de Maggie conta às meninas sobre o Espectro, um homem velho com um carro antigo, que usa as crianças feito um vampiro para continuar vivo, ele as leva para dentro de sua paisagem interior (uma espécie de dimensão individual de cada pessoa). Charles se alimenta das crianças para se manter vivo. Maggie alerta Vic que talvez ela o encontre no futuro. Mas não obtém mais respostas. Descobre apenas que alguns objetos são como uma "faca" que corta a realidade e as transporta para sua paisagem interior. A bicicleta de Vic, o Jogo de Palavras de Maggie e o carro de Charles são os objetos que os levam para essas estranhas dimensões.

"- Existem dois mundos - explicou Maggie, falando distraidamente enquanto estudava as letras. - O mundo real, com seus fatos e regras irritantes, onde as coisas são ou não verdadeiras, em geral é um saco. Mas as pessoas também vivem no mundo dentro da própria cabeça. Uma paisagem interior, um mundo de pensamentos. Nele, as ideias são fatos. As emoções são como a lei da gravidade. Os sonhos, como a História. As pessoas criativas... escritores, por exemplo... passam grande parte do tempo nos seus próprios mundos de pensamento. Os muito criativos, porém, são capazes de usar uma faca para abrir a costura entre os dois mundos, para juntá-los." (p.100)

São narradas também algumas passagens de Vic até a adolescência, aos 17 anos. 

A narrativa mescla vários capítulos intercalando passado com presente. Em uma passagem sabemos que Vic agora está com 31 anos e ainda é assombrada pelas ligações das crianças da Terra do Natal. Até que tudo piora quando Bing encontra Wayne... e Charles. Vic nunca se considerou uma boa mãe, mas o que ela faria para livrar seu filho das garras de Charles?

A leitura é muito envolvente, a história vai além da criatividade e da imaginação, envolvendo o sobrenatural de dimensões paralelas e vampiros com assassinatos reais. A diagramação está ótima, porém encontrei alguns errinhos na revisão. A capa chama muito a atenção, tem um clima de suspense com gotas de sangue que deixam qualquer leitor fã de histórias de terror louco para ler. Os personagens são caracterizados e possuem personalidade. Os cenários são bem descritos e misteriosos. Todos esses atributos instigam a imaginação do leitor a entrar de cabeça nessa dimensão criada por Joe Hill.

Um fato interessante é que, em vários capítulos, a última frase continua no título do capítulo seguinte, o que cria um suspense a mais e dá a ideia de transporte, como quando Vic simplesmente é levada para qualquer local ao atravessar a Ponte do Atalho.

Um aspecto que, em minha opinião, poderia ser mais bem trabalhado, foi a história de Charles, que não conhecemos em momento algum. Qual era sua história afinal?! Foi uma ponta solta que ansiei por respostas, não elas não vieram. A narrativa tem muita ação e muita coisa ocorre ao mesmo tempo, mas ficamos sem saber como tudo começou. Além do mais, achei que o autor se estendeu mais do que precisava, alguns trechos tornaram-se cansativos e monótonos.

Como já li dois livros anteriores de Joe Hill - A Estrada da Noite e O Pacto - pude notar uma evolução enorme no trabalho do autor. Sua escrita está mais envolvente, o suspense é maior e sua narrativa se assemelha cada vez mais com a do mestre - e seu pai - Stephen King.

Obs. Achei extremamente necessário a mudança do título - do original NOS 4A2 para sua correspondente fonética Nosferatu. Seria muito estranho um livro em que o titulo se pronuncia-se Nosquatroadois!

Comentários via Facebook

10 comentários:

  1. Oi Amanda!

    Coo eu quero ler este livro! Tbm quero ler O Pacto, só li Estrada da Noite até agora....

    Adorei sua resenha, fiquei arrepiada e curiosa! kkkkk

    bjo bjo^^

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  2. Oi Amanda, esse livro está aqui me esperando, estou louca para me organizar e fazer a leitura, só vi resenhas positivas até agora.

    Relíquias
    http://reliquiasaline.blogspot.com.br/

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  3. Oi Amanda, mas que resenha em.
    Vi algumas resenhas por ai mas a sua foi espetacular, sempre me deixando mas curiosa em relação ao livro.
    E o titulo é mesmo melhor que NOS 4A2.

    Abçs :)

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  4. Como não ficar louca de curiosidade com um livro do filho o mestre né? só pode ser coisa boa! Adorei a resenha, mega detalhada! Com certeza após tudo isso Nosferatu vai furar minha fila!

    Beijos Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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  5. Se a sua resenha foi super envolvente, imagina o livro?
    Achei a história super interessante e me deu vontade de ler.

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  6. Eu tenho estrada da noite , mas ainda não li , esse autor é filho mesmo do King ? Biologico ,mesmo ?? Que maximo , não tinha idéia , sobre a resenha , achei bem envolvente a trama e o desenrolar da história , meio louca mas bacana , vou ler a estrada da noite e se gostar ponho esse na lista de desejados .

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  7. Oii Amanda !
    Amei a resenha, fiquei realmente presa até que terminei de ler a última palavra que você escreveu.. Já havia amado a capa do livro, e também amo histórias de terror, e gente, quantos mistérios rondam esse livro? Fiquei realmente vacinada .. E curiosa pra saber o que acontece com a Vic e se ela consegue salvar o filho!! A história é toda cheia de fantasias, mas eu realmente amei !!!
    Beijos :*

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  8. Oie...
    Quero muito ler esse livro e achei o primeiro capítulo bem chocante em relação aos enfeites de natal!!
    Mas se fala de várias dimensões e de vampiros, eu adoro!!
    O enredo é bem envolvente e cativante!!

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  9. Oie , o livro parece ser bom , mais nao pretendo ler ! pois pela resenha tenho receio de que nao gostarei do livro , no momento estou precisando de um livro leve e acho que este nao é apropriado !!

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  10. Já vi resenhas sobre esse livro e fiquei bastante curiosa.
    Gosto bastante dos livros do Stephen King, então é certeza que vou amar esse livro.
    Não li nenhum desse autor ainda, mas pretendo ler esses que você citou em breve.

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