Destaques

quarta-feira, 3 de julho de 2019

✓ Resenha : Rio Vermelho - Amy Lloyd


Título: Rio Vermelho (Skoob) | Autor: Amy Lloyd | Gênero: Thriller Psicológico | Editora: Faro | Páginas: 276 | Onde comprar: Amazon / Submarino | Classificação: 3,5 | Livro cedido pela editora

Assita aqui:


Em Rio Vermelho, que na verdade é a tradução literal do nome da cidade onde a maior parte da trama acontece, Red River, temos um criminoso condenado no corredor da morte, que aguarda após reviravoltas em seu caso ao longo de vinte anos, um novo julgamento onde ele poderá ser totalmente inocentado, já que aconteceram inúmeras falhas em seu julgamento anterior e há uma forte comoção sobre a suposta injustiça. É um caso bastante famoso, por tanto há inúmeros fóruns de discussão pela internet, assim como documentários, e é presença viva nos meios de comunicação e jornalismo.

Certo dia nossa protagonista Samantha toma ciência desse caso e desenvolve por ele uma certa obsessão. Muitos acreditam na inocência de Dennis Danson, acusado e sentenciado a morte pelo assassinato brutal de uma jovem aos dezoito anos.

Samantha fica ávida pelas provas que o inocentam, e quando descobre que há outras pessoas que se correspondem com o condenado através de cartas, resolve tentar um contato também. Logo na primeira carta já conta um pouco sobre si, sobre sua introspectividade, e acaba desenvolvendo um laço com o prisioneiro que se encontra em um momento também de abandono afetivo e pressão psicológica. Acabam se dando muito bem ali nessa troca primitiva de mensagens, mas Samantha está pronta para dar um passo além, ir visitá-lo pessoalmente na penitenciária. Samantha mora na Inglaterra e Dennis está preso nos Estados Unidos, assim ela dá um jeito de colocar o trabalho em standy by e parte pra ver o que senti ali no cara a cara, já que por cartas trocam juras de amor.

Nossa trama tem algo muito mais importante que descobrir se Dennis é culpado ou inocente, ao longo da trama isso vai tornando-se um plano de fundo para a relação que eles desenvolvem. Tem o sentimento de posse que envolve o relacionamento deles, uma briga emocional interna da protagonista com seu ciúmes, quando ela tenta lidar com toda a nova situação baseando-se em um relacionamento anterior fracassado, mas que não tem como ser colocado em pé de igualdade com esse, já que aqui por mais que Sam acredite na inocência de seu amado, até que ponto nós podemos realmente conhecer alguém não é mesmo?

Eu senti que a autora quis fugir do clássico thriller policial no início e adentrar esse psicológico da convivência entre marido e mulher, das diferenças do relacionamento durante o namoro e o casamento, ainda que aqui levados a níveis extremos. Quando analiso todos os gatilhos que levam Samantha a procurar esse relacionamento inusitado, consigo entender o motivo para que algumas pessoas façam isso na vida real inclusive, então você precisa ler esse livro considerando os fatores da Samantha, e quando chegarem no final, verão que não havia como ser diferente! Eu adorei o desfecho!

"Preocupada, Sam achava que, sem aquele obstáculo, não haveria nada para impedir que os dois se machucassem mutuamente, como ela e Mark haviam feito. Ou todas aquelas outras coisas que as pessoas faziam umas às outras: ir embora, mentir, desligar os telefones na cara; pequenas crueldades das quais ela e Dennis tinham ficado protegidos até então."

Vocês conseguem ver que o que chamava Samantha para esse relacionamento era a garantia de que o confinamento de Dennis não faria com que o relacionamento desandasse? Lhe dava uma estabilidade ilusória?

Na minha opinião a autora poderia ter trabalhado ainda mais essas questões psicológicas de Samantha, talvez evidenciado mais alguns pontos cruciais do psicológico dela, e deixado mais de lado Dennis. Também adentrado um pouco mais questões sociais que são só jogadas ao vento, como as palavras racistas de Dennis que são atribuídas ao seu confinamento e o fato do mesmo ter sido acolhido tão rapidamente pela mídia popular como inocente, lembrando que era um jovem branco, loiro e de olhos claros. A autora reforça esse estereótipo, nos apresenta as nuances do racismo mas não explora isso, acaba ficando de lado ao longo do livro. De qualquer forma, a leitura me foi ágil e me proporcionou momento de divagação no pós leitura!

Comentários via Facebook

0 comentários:

Postar um comentário

© Fundo Falso | Andréa Bistafa – Desde 2010 - Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in