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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

✓ Resenha: O Que Eu Quero Pra Mim - Lycia Barros




Sinopse: Alice é independente, bem sucedida profissionalmente e muito ambiciosa. Além do sucesso no trabalho, tem um namorado que é o sonho de qualquer mulher: lindo, apaixonado, louco para se casar e ter filhos. Mas ela não é qualquer mulher, e acha que a carreira vem antes de tudo. Então, quando Casseano a coloca contra a parede e exige mais espaço em sua vida, os dois entram em um impasse e acabam se separando. Em poucos dias, Alice sente que o fim do relacionamento está sendo mais duro do que esperava. Para piorar, o trabalho entra em crise e sua sócia, preocupada com a saúde da amiga, a obriga a se afastar por um tempo. As férias a ajudarão a arejar a cabeça e voltar mais produtiva. Com tudo dando errado ao mesmo tempo, Alice aceita a sugestão e compra uma passagem para Londres. Chegando lá, mergulha numa profunda jornada de autodescobrimento e percebe o que realmente importa para ela. “O Que Eu Quero Pra Mim” é um romance inspirador, que fala sobre a importância de conhecer a si mesmo e descobrir as próprias necessidades antes de trilhar de forma plena o caminho do amor.

Autora: Lycia Barros
Editora: Arqueiro
Formato: 16 x 23
Número de Páginas: 208


Sem saber como agir, Alice olhou para as flores do outro lado da rua, que se curvavam sobre a chuva como borboletas em reverência, pensando se deveria contar ou não à amiga o que fizera naquela tarde.

Resenha:

Gramática e Revisão: Uma obra assinada por Lycia Barros sempre será um deleite para os olhos dos leitores e dos críticos mais aguçados. A autora apresenta um vasto vocabulário, sempre rebuscado e elegante, e nos brinda com o uso correto dos pronomes demonstrativos, colocando “esse, essa, este, esta” em seus devidos lugares. A escrita de Lycia assumiu um só tempo verbal durante a narração, evitando o típico lapso dos autores nacionais de pular do passado para o presente em um mesmo parágrafo.
Dentre muitos pontos positivos, alguns merecem destaques, comprovando o cuidado e a experiência da autora ao lidar com as palavras. São eles:
- Pontuação perfeita, principalmente nos diálogos dos personagens;
- Primorosa colocação de “a” e “há”, uso que poucos autores conseguem fazer sem erros;
- Linguagem coloquial elegante, com raras gírias e/ou palavras de baixo calão;
- Narração com toque bem humorado e um tanto sarcástico, sem nos privar dos deliciosos parágrafos poéticos nos ápices das cenas;
- Capítulos rápidos, sucintos, atendo-se ao clímax do que é primordial e abstendo-nos de quaisquer embolações que tornariam a leitura cansativa.
A única coisa que me incomodou foram os números que surgiam vez ou outra no texto. Adepta da formalidade, prefiro quando os mesmos aparecem escritos por extenso. No entanto, tal fato em nada desabona o talento da autora, trata-se de uma questão de gosto. O mesmo posso dizer dos pronomes de tratamento, que foram abreviados – como, por exemplo, “Dr.” ao invés de “doutor”. – Fora isso, espero que Lycia Barros possa vislumbrar os meus aplausos por sua gramática impecável e repleta de acuidade. Também não posso deixar de parabenizar as revisoras Cristhiane Ruiz e Flora Pinheiro pelo primoroso trabalho nessa publicação.

Foi como ser envolvida por uma manta. Como mergulhar num mar conhecido. O cheiro, o gosto, o toque... Tudo nele era familiar. O reconhecimento foi atordoante... Ela tinha se esquecido da sensação de segurança que sentia quando estava nos braços dele. Eamon a invadiu por inteiro.

Capa e Diagramação: A capa conta com a sobreposição de duas imagens – autoria de S. Borisov e Aleshyn Andrei’s – trabalhadas pelo design Rodrigo Rodrigues. O título é apresentado com uma fonte manuscrita, em alto relevo, onde letras negras se contrastam em um acabamento brilhoso, laminado, com a imagem de fundo, finalizada com o fosco tão em voga. O nome da autora aparece com a simplicidade rubra, acompanhando o mesmo acabamento estilizado do título. No todo, não é ruim, e obviamente foi um trabalho primoroso, mas duvido que chame a atenção. Para ser sincera, tratando-se de uma obra assinada por Lycia Barros, a capa foi uma decepção aceitável. Comparando-a com suas outras publicações da autora, arrisco dizer que a apresentação física do livro deixou a desejar.
A diagramação de Valéria Teixeira é um deleite, exibindo o texto de Lycia em espaçamentos adequados e com um tamanho de fonte que não agride nossa visão. Para completar, as páginas foram confeccionadas em papel “amarelinho”, pólen soft – ou bold, sempre confundo os dois.

Atordoada, correu a mão por aquelas feições marcadas e pela boca bem desenhada... Que sensação gloriosa foi beijá-lo outra vez! Descobriu que a falta que sentia daquele homem doía em lugares que ela nem imaginava possíveis. E os olhos de Eamon a fitavam com tanto desespero, sofreguidão e ternura... Olhos de um azul profundo e cristalino, emoldurados naquele rosto poético, do tipo que sabiam atingir em cheio as entranhas de uma mulher. Era muito mais fácil ignorá-lo e voltar a flutuar nas correntes de suas fantasias.

Enredo: Apesar do que nos incita a sinopse, a trama do livro não gira em torno de uma só protagonista. Nessa história, conhecemos Alice e Luana, duas amigas com desejos incompatíveis. Apesar de algumas similaridades, como o foco no trabalho acima de tudo – no caso de Luana, acima até das responsabilidades com o filho pequeno –, ambas se diferem nas veredas que traçaram em busca do objetivo estipulado. Obviamente, a profissão de uma e de outra clama por essa discrepância. Sendo Luana uma atriz em busca do sucesso nos palcos e nas telas, sua vida badalada poderia conduzi-la ao universo desejado. Porém, a irresponsabilidade a tira do foco. Em contrapartida, Alice dedica cada segundo dos seus dias para se dedicar ao trabalho.
A autora construiu mundos contraditórios para suas personagens. Enquanto Alice se mostra elegante e refinada em suas vestimentas e gostos diversos, Luana é simplória, sensualmente vulgar e presa em uma suposta “eterna juventude”. Diferentes até nas aparências, o fato é que muitas leitoras poderão se identificar com ambas ao mesmo tempo.
O enredo começa no Rio de Janeiro e nos conduz a Londres, a descrição de Lycia nos permite adentrar no cenário apresentado e a vislumbrar cada canto por onde os personagens passaram. Com detalhes sucintos, porém, primordiais, podemos enfatizar o conhecimento da autora sobre os locais escolhidos para desenrolar sua trama. Horas de pesquisa ou visita apaixonante a esses lugares, não importa. Lycia Barros se mostrou dedicada e cuidadosa com os pormenores de seu texto, e isso é algo que muito admiro e aplaudo.
Ainda estou em êxtase, completamente deslumbrada com a metáfora deleitosa sobre Eamon e Luana: Sol e Lua – sou apaixonada por esse tipo de figuração. – Ele, com seus cabelos ruivos, vermelhos como brasas, representando o calor da estrela matutina. Ela, com seus olhos escuros, negros como o breu noturno, uma Lua fria de sentimentos arrefecidos... Ok, parafraseei a metáfora além do normal. Contudo, seria injusto não citar a representação do casal – a citação de Sol e Lua aparece na página 81.
Normalmente, quando pego uma publicação de Lycia Barros nas mãos, chego a tremer de ansiedade, pois sempre me surpreendo com o desfecho da trama. Todavia, não foi o que aconteceu dessa vez. Não que o enredo seja ruim, longe disso. Porém, é previsível. Desvendei o final na metade da leitura. Ainda assim, é uma história que vale a pena ser lida. Nossas emoções são afloradas e conduzidas a ápices impressionantes.
Finalizando esta parte, a trama tem um toque de sensualidade na medida certa, mantendo a acuidade e sem pender para o erotismo explícito, atitude arriscada diante dos temas em voga. Todavia, louvável.

Casseano segurava as duas colunas da cama enquanto se movia, numa dança lenta, sobre o corpo de Vera. A luz da lua atravessava a janela e os iluminava na escuridão, como se o satélite estivesse sorrindo. Em movimentos longos e sensuais, Casseano a preenchia por completo. O corpo bem esculpido e moreno estava banhado de suor, os cabelos lisos em desalinho, os músculos dos braços rígidos... A mulher desfrutava daquela bela visão, maravilhada, arqueando o corpo de encontro ao dele, buscando mais. Quem poderia imaginar que debaixo daquela imagem de bom garoto havia uma máquina de fazer sexo?

Personagens: No livro, nos deparamos com personagens maduros, pois o enredo não dá vez para adolescência e dramas fátuos ou fúteis. A inocência fica por conta de Pietro, filho de Luana, um lindo garotinho serelepe de apenas dois anos. Conforme citado no item anterior, a trama apresenta dois universos, contrariando a sinopse do livro. O reencontro de Alice e de Luana nos faz conhecer melhor cada uma das personagens. Casseano foi um coadjuvante que não fez falta. Para ser sincera, o médico não me agradou. Na verdade, ainda estou apaixonada por Eamon, e é dele que falarei agora, pois o irlandês se tornou o meu preferido. Dessa forma, fugindo do meu método de praxe ao resenhar uma publicação, vamos ao que interessa...
Eamon é um ruivo apaixonante que nos encanta do início ao fim, o sonho de consumo de qualquer mulher madura e com a cabeça no lugar. Pai atencioso, marido exímio. Na minha imaginação, ele é perfeitamente belo, o príncipe encantado nada convencional. Firme e forte em suas decisões, centrado, determinado, responsável e, de certa forma, sentimental. Eamon... eis a jogada de mestre de Lycia Barros.

Considerações Finais: Romances urbanos nunca estão no topo da minha lista de leitura. Contudo, desde que conheci a escrita de Lycia Barros, jamais hesitei em apreciar publicações de sua autoria. “O Que eu Quero Pra Mim” é um romance que explora nossas emoções e transforma nossos pensamentos. A cada capítulo, uma reflexão interna revolve nosso âmago, conceitos são reavaliados e prioridades são levadas a julgamento. Portanto, convido a todos para embarcarem nessa viagem fictícia a Londres, ao mundo de Alice e de Luana, duas amigas em busca de um sonho chamado amor. E o resultado não podia ser melhor: redenção! Título indicado para os corações apaixonados e ansiosos por uma aventura romântica, sensual e com padrões elevados.

Espero que tenham gostado... Até a próxima, pessoal!

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1 comentários:

  1. Oi Vanessa!

    Apesar de conhecer alguns livros da autora e ter um deles na minha estante, nunca li nada dela. Tenho muita vontade, pois sempre leio resenha maravilhosas de seus livros.
    Com a sua não foi diferente, fiquei curiosa e claro que vou colocá-lo na minha lista de desejados!

    Bjo bjo^^

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